Em meio à pandemia do coronavírus, o número de cidadãos que vivem abaixo da linha da pobreza triplicou, e atinge cerca de 27 milhões de pessoas, 12,8% da população brasileira. O levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) também aponta que muitas famílias tentam sobreviver com o valor de R$ 246,00 (US$ 43,95) por mês.
Pesquisadores afirmam que os altos níveis de desemprego e a ausência de políticas públicas dificultaram o acesso à renda, conduzindo para o pior cenário da pobreza no Brasil, nos últimos dez anos. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), somente o estado do Rio de Janeiro acumulou mais de um milhão de demissões em postos de empregos formais de março de 2020 a fevereiro de 2021.
A nova pesquisa da FVG, divulgada nesta quinta-feira (8), mostra que como o novo auxílio emergencial mais de 40% dos trabalhadores não conseguirão ter suas perdas de renda compensadas após o tempo de interrupção. Considerando o repasse do valor de R$ 150, a estimativa é que a perda de renda será de 2% para os homens e de 4% para as mulheres, que pode agravar ainda mais a situação da fome. O estudo ainda revela que trabalhadores de todos os estados sofrerão com perdas de renda ainda que a família esteja apta a receber a parcela de R$250.
Há mais de 30 anos, a ONG Ação da Cidadania com núcleos de voluntários em todo o Brasil, está promovendo a campanha Brasil sem fome, que conta com apoio da sociedade civil e o setor privado para levar alimentos aos mais atingidos pela crise econômica. Até o momento, a iniciativa ajudou mais de 48.000 pessoas, distribuindo mais 12 mil cestas em todo o Brasil.
Em 2020, se arrecadou o suficiente para 10.000 mil toneladas de alimentos que apoiaram quase quatro milhões de brasileiros e brasileiras em todo o país. Neste ano, porém, a situação financeira também causa impacto nas doações.
A Ação da Cidadania comprava e distribuía cerca de 80 mil cestas por mês, mas agora só está conseguindo distribuir 8 mil cestas por mês, 10% do que recebia no ano passado. O presidente da ONG, Daniel Souza, ressalta que em 28 anos de história da instituição, nunca viu uma situação como a que o país está vivendo agora.
“A campanha visa, de uma forma emergencial arrecadar o máximo de alimentos e distribuir em todo o país. A gente está fazendo uma campanha para doar agora, hoje, amanhã, e a gente precisa muito dos empresários e das empresas que doem, porque numa pandemia o remédio que a gente tem é a solidariedade. “– destacou o representante da ONG.
Outro movimento social criado para combater a fome é o Panela Cheia, lançado nesta semana, em uma parceria da Central Única das Favelas (CUFA) com a Frente Nacional Antirracista (FNA), e chancelo pela UNESCO.
A ação pretende arrecadar recursos para a comprar duas milhões de cestas básicas que serão distribuídas em diversos estados. Preto Zezé, presidente nacional da CUFA acredita que a situação é ainda pior pelo prazo prolongado das medidas restritas impostas pela pandemia e destacou a escassez dos empregos informais e afetou ainda mais a vida das mães solteiras que ainda precisam ficar com filhos e idosos em casa, sem poder gerar renda
“É um movimento pontual numa ação isolada,
mas precisa ser uma atitude permanente. As instituições se juntam para garantir
panelas cheias quando temos mais de 15 milhões de pessoas passando fome no
Brasil. Nós temos com meta arrecadar dois milhões de cestas para atingir dez
milhões de pessoas. A gente precisa fazer da solidariedade um movimento forte e
permanente, mais contagioso que o vírus.”.
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