Em andamento desde 2019, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde já analisou quase 50 processos, a maioria de compras feitas durante a pandemia da Covid-19. Nesse período, mais de 80 pessoas foram ouvidas, dentre elas servidores, ex-secretários, coordenadores, empresários e testemunhas. Com isso, cerca de R$ 85 milhões que seriam gastos de forma duvidosa ou superfaturada foram economizados dos cofres do Governo de Roraima.
O relator da investigação, deputado estadual
Jorge Everton (MDB), afirma que o fato da comissão conseguir a suspensão de
vários processos irregulares para aquisição de materiais, serviços e medicamentos
já é um ganho imenso para Roraima. Ele lembrou que os deputados começaram as
investigações após denúncias feitas pelo ex-secretário e médico Airton
Vanderlei.
"Naquela ocasião, ele fez um texto retratando diversas irregularidades na Secretaria Estadual de Saúde, incluindo a interferência política de parlamentares do Estado. Apesar do mesmo não ter dito muita coisa quando foi intimado pela CPI, ficou claro que ali dentro existia uma série de problemas sérios", afirmou o parlamentar.
Dentre as irregularidades identificadas nesse
período, está um processo com a empresa Andolini, que fornecia alimentação para
o Hospital Geral de Roraima e outras unidades de saúde.
Durante as investigações os deputados constataram um aumento repentino no número de marmitas fornecidas - passou de 7.400 para 33.500 de um mês para o outro. O valor desse contrato girava em torno de R$ 1 milhão por mês.
Outra compra investigada foi a dos respiradores no valor de R$ 6,4 milhões e que nunca foram entregues para salvar vidas no início da pandemia. Após a denúncia feita pela imprensa roraimense, as investigações foram iniciadas. Dois dias após o escândalo, o governador Antônio Denarium demitiu o secretário Francisco Monteiro.
"Nesse caso, a Secretaria de Saúde não havia apenas adquirido os respiradores mais caros do Brasil, mas havia feito o depósito antecipado para a empresa que fica em Minas Gerais. A entrega já estava programada para 60 dias depois, o que era um absurdo. Por isso, fomos até a secretaria e apreendemos diversos documentos", lembrou Jorge Everton.
Após meses de impasse, a Justiça, que já havia determinado o bloqueio do valor a pedido da Polícia Civil, autorizou a devolução do montante ao Fundo Estadual de Saúde.
Para o deputado Jorge Everton, mesmo não tendo a prerrogativa de prender os investigados, a comissão teve e tem um papel importante. Segundo ele, foi possível identificar diversos esquemas e muitas pessoas que teriam ligação direta ao direcionamento de compras num período de extrema necessidade.
"Esperamos concluir neste semestre as
investigações e finalizar a CPI. Vamos encaminhar tudo aos órgãos competentes
como Ministério Público de Roraima, Ministério Público Federal e Polícia
Federal. Foi assim que atuei na CPI do Sistema prisional que terminou com a
prisão de algumas pessoas, incluindo o filho da ex-governadora Suely
Campos", finalizou.
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