O superintendente de Vigilância em Saúde
da Prefeitura de Boa Vista, Emerson Capistrano, disse nesta segunda-feira (31)
que a prefeitura mantém um quadro de 150 agentes de endemias, com 100 deles em
atividade de campo, conforme preconiza o Ministério da Saúde. Disse, também,
que a correlação entre o número de agentes em atividade e casos de dengue,
chikungunya e zika não tem se mostrado positiva, ou seja, não é cálculo
matemático maior número de agentes, menor incidência de casos das doenças.
“Independente do número de agentes que
nós temos hoje, os números apontam que isso não tem influenciado na questão de
ocorrências ou casos de surto ou disseminação das doenças causadas pelo
mosquito Aedes aegypti”, disse Capistrano, enfatizando que essa definição faz
parte de um estudo científico realizado pelo técnico Rodrigo Lins Frutuoso, do
Ministério da Saúde, em 2013, sobre uma análise do que ocorre em todo o País.
“Desconhecimento” - Sobre a acusação
feita pelo secretário-adjunto de saúde do Estado, Paulo Linhares, de que o
aumento do número das doenças causadas pelo mosquito tenha se dado em
conseqüência da falta de agentes de endemias, Capistrano foi taxativo: “Acho
que foi um discurso muito político, sem conhecer na verdade as teorias e os
trabalhos científicos que demonstram que isso não colabora com o que foi dito
pelo secretário”.
Segundo o cientista do MS, alguns
estudos demonstram definitivamente que essas atividades não foram suficientes
para eliminar o risco de epidemias mesmo em locais onde se alcançava a
cobertura de imóveis trabalhados próximo a 100%. Capistrano, por sua vez,
enfatiza que, mesmo que todas as residências de Boa Vista fossem visitadas,
chegando a 100%, isso não seria garantia de que o mosquito não voltaria a se
proliferar, vez que vários fatores contribuem para isso, como o período chuvoso
vivido em Roraima, a falta de cuidados da parte dos donos de terrenos baldios,
recorrência da existência de criadouros em uma mesma residência, entre outros.
Capistrano disse concordar que a
prefeitura precisa mesmo contratar novos agentes. Essa contratação, segundo
ele, deve se dar de forma gradual, respeitando a responsabilidade fiscal. Mas
esse reforço, não será garantia de erradicação do mosquito. Para comprovar, ele
citou o caso de um estudo feito em Cingapura, onde o vetor se manteve em menos
de 1% ao longo de muitos anos, mesmo assim a infestação de dengue continuava a
ocorrer.
O superintendente ressaltou ainda que os
trabalhos para o combate das doenças causadas pelo Aedes aegypti não se
restringem apenas às visitações feitas pelos agentes de endemias, mas também a
prefeitura tem aplicado multas a donos de terrenos encontrados em situação de
risco para a disseminação do mosquito, entre outras penalidades.
“Estamos pensando também em multar os
donos de residências onde houver recorrência de criadouros, ou seja, os agentes
eliminam os focos existentes e, ao voltarem àquela mesma residência, outros
criadouros são encontrados”, disse Capistrano, ressaltando a necessidade de uma
colaboração efetiva da parte dos donos das casas em cujos quintais são
encontrados tais focos.
Novas tecnologias - Emerson Capistrano
disse que os estudos demonstram que as atividades precisam ser repensadas.
“Eles conseguiram provar que uma alta cobertura de imóveis trabalhados não se
traduziu numa baixa densidade vetorial [números de casos]. É importante que nós
incorporemos novas tecnologias, que é o que Boa Vista está fazendo agora, com a
introdução das unidades disseminadoras.”
A prática das unidades disseminadoras
teve início no mês de maio deste ano em dez bairros com maior incidência de
casos das doenças. “A primeira avaliação ocorreu em junho, apresentando
eficácia. Nesses bairros, houve uma queda na incidência de casos entre 16% e
81%”, disse Capistrano.
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