O secretário Estadual de Planejamento e
Desenvolvimento, Alexandre Henklain, entregou, nesta quarta-feira, dia 13, ao
líder indígena Davi Kopenawa Yanomami e a representantes de órgãos parceiros da
Seplan, cópia do último texto do Projeto Ajarani. Com previsão de execução a
partir de janeiro do próximo ano, o projeto-piloto será implantado na região do
Ajarani, município de Caracaraí, objetiva garantir segurança alimentar aos
povos indígenas Yanomami e Yekuana, por meio de produção de espécies
frutíferas, madeiráveis e culturas anuais associadas ao manejo de bovinos.
Criado para atender à demanda apresentada pelos
povos Yanomami e Yekuana, o Projeto Ajarani vem sendo construído ao longo de
três meses em discussões periódicas com a participação de associações indígenas
e de órgãos governamentais das esferas federal, estadual e municipal, entre
eles, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Exército
Brasileiro, Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Funai (Fundação
Nacional do Índio), Seplan, Seapa (Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária
e Abastecimento) e Prefeitura de Caracaraí.
De acordo com Davi Kopenawa, o interesse no
desenvolvimento de um projeto agroflorestal na região do Ajarani, Terra
Indígena Yanomami, surgiu no mês de abril, motivado pela necessidade de
produção de alimento em área prejudicada pelas sucessivas estiagens dos últimos
anos. “Minha ideia surgiu em abril. Estava preocupado, pois, por causa da seca,
parte da floresta foi queimada e meu povo precisava de alimentação. Conversei
com o senhor Alexandre [secretário de Planejamento e Desenvolvimento], para
saber como poderíamos encontrar solução para esses problemas e apoio para
realizar o projeto agroflorestal na terra Yanomami”, destacou.
O projeto visa ao desenvolvimento de uma
agricultura capaz de conciliar novas tecnologias com os conhecimentos
ancestrais dos Yanomami e Yekuana. Por meio do sistema agroflorestal, serão
cultivadas espécies de utilidade para os povos indígenas, criando alternativas
de alimentação por meio do extrativismo e favorecendo o reflorestamento de
áreas desmatadas. Haverá também inserção de culturas de ciclo mais rápido,
todas definidas com base nos interesses dos índios, e utilização de caiçaras,
sistema de rotatividade de pasto com gado bovino, com a finalidade de agregar
elementos de melhoria do solo na área de um hectare onde deve ser executado o
projeto-piloto.
Além de garantir alimentação mais nutritiva e
consequente saúde para os povos da área do Ajarani, com o excedente da produção
disponível para aqueles que estiverem internados por motivo de tratamento na
Casai (Casa de Saúde Indígena), o projeto prevê a disseminação de tecnologias
entre os agentes de fomento agrícola, criando equipes de multiplicadores,
conforme explicou a antropóloga Leslie Thomé, que trabalha no setor de
Transferência de Tecnologia da Embrapa.
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